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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Parte 8

Deitei-me, um pouco preocupada com minha mãe e logo peguei no sonho. Tive um sonho muito estranho: Eu estava em um prédio com Victor e Tiago, o andar que estavamos só tinha um cômodo e nesse cômodo havia uma mesa comprida que ocupava grande parte da sala, havia cadeiras em volta da mesa, varias estatuas de mulheres seminuas e duas portas de elevador. Eu e os dois meninos estávamos conversando sobre o futuro da menina linda que estava sentada na ponta da grande mesa. Ela tinha um cabelo comprido, liso e castanho claro, olhos castanhos e um sorriso tímido, sem mostrar os dentes, e também as bochechas ressaltadas e vermelhinhas. Logo, a menina desapareceu, nós caminhamos até o elevador e a porta da esquerda se abriu, nós entramos e havia uma mulher lá dentro. A mulher usava um salto alto preto, uma saia cor de vinho até o joelho, um casaco da mesma cor com plumas pretas e um chapéu pequeno combinando, que ressaltava a cor de seu cabelo, que parecia carvão de tão escuro. Tiago puxou Victor e eu para o canto do pequeno elevador:
- Se ela parar no 2º andar e nos chamar, nós não podemos ir.
Assustada, olhei para o painel e só havia 2 botões, o do 14º andar e o do 2º. Nós estávamos descendo, então pela lógica estávamos no 14º andar. Fiquei apavorada, não sabia o que fazer quando o elevador parou no 2º andar onde a mulher desceu.
A porta ficou aberta por um longo tempo depois que ela saiu, até que a mulher gritou de lá de dentro:
- Entrem crianças, tem alguém querendo ver vocês.
Nos entre olhamos, Victor estava com os olhos arregalados e Tiago estava pálido. Pareciam estar com medo da 'pessoa que queria nos ver'. Eu caminhei até a porta, olhei para os dois lados e havia um corredor à minha direita. Sai do elevador olhando para a única porta que havia no fim do corredor e os chamei. Eles saíram e a porta do elevador se fechou, nós caminhamos muito assustados pelo corredor estranho até chegarmos à porta. Eu a abri, vi uma luz branca muito forte que quase me deixara cega e acordei.
Quando abri os olhos senti meu rosto molhado, eu havia chorado em quanto dormia. Levantei um pouco abalada, a última vez que chorara durante o sono foi quando eu tinha 8 anos. Logo me recuperei e fui me arrumar para a escola. Eu havia esquecido de fazer a lição de casa mas não estava com vontade de fazer naquele momento. Eu estava pronta, sem fome e preparada pra ir pra escola quando ouvi um carro estacionar na frente de minha casa e alguém apertar a campainha. Minha rua era muito pouco movimentada, ainda mais as 6 horas da manhã, por isso conseguira o carro chegar. Desci correndo e abri a porta, era meu pai querendo me levar pra escola de carro.
- Claro que quero carona pai. Só vou avisar a mamãe, pode entrar.
Ele entrou e sentou-se no sofá em quanto eu corri de volta para as escadas. Entrei no quarto de minha mãe e ela estava dormindo, peguei seu bloquinho de recados e escrevi:
‘Mãe, o pai me levou de carro pra escola. Vejo você no almoço. Beijos, te amo’
Sai devagarzinho para não ter perigo de ela acordar, quando cheguei ao corredor sai correndo, pois não estava agüentando de ansiedade para chegar à escola. Assim que cheguei à sala, vi meu pai olhando uma foto que estava pendurada do lado da porta da cozinha, na foto estava eu, ele e minha mãe no Beto Carrero quando eu tinha 7 anos. Parei ao lado dele e disse:
- Pai, preciso ir pra escola.
- Ah, desculpe filha. Vamos.
Nós saímos e eu chaveei a porta. Entrei no carro e ele me levou até a escola, sem dizer nada. Cheguei à escola cedo e avistei Leonardo no corredor principal. Engraçado, ou ele entrara na escola agora ou eu realmente nunca tinha visto ele. Caminhei até onde ele estava, quando vi Victor, que estava falando com ele. De onde será que eles se conheciam?
- Oi Victor, oi Leonardo!
- Oi Kat. Ainda lembra-se do meu irmão?
- Irmão? - respondi para Victor, assustada.
- É. Não se lembra que eu tinha um meio irmão?
- Lembro, mas... Não havia notado que era esse Leonardo. - disse fingindo alegria.
Nossa, as lembranças que eu tinha do Leonardo eram poucas. Lembro-me de estar estudando na casa de Victor, enquanto comia o bolo delicioso, que tia Greice fazia sempre que eu ia para lá, e de Leonardo ficar jogando vídeo game com o volume bem alto só para nos atrapalhar. Quem via não acreditava que Leonardo era somente um ano mais novo que Victor. Hoje ele deveria estar com uns 13 anos, um ano mais novo que eu, mas ele parecia ser mais velho.
Leonardo era meio irmão de Victor, pois os dois eram do mesmo pai, mas de mães diferentes. Dona Greice é a mãe biológica de Leonardo e madrasta de Victor. Na ultima vez que eu fui à casa de Victor,ela morava com eles. A mãe biológica de Victor estava morando na Bahia, junto com a melhor amiga e as duas estavam trabalhando no projeto de um grande shopping.
- Léozinho, quanto tempo! Nossa como você está... Crescido!
- É... E você está linda... - disse, ficando um pouco vermelho.
- Obrigada Léo! - falei, deixando-o mais vermelho.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parte 7

Minha mãe fechou a porta, eu estava pronta para correr até as escadas quando ela se virou pra mim, cruzou os braços e disse:
- Karine Mattos Dias, precisamos conversar.
Arrepiei-me com medo dela começar com aquelas conversas sobre a vida, ou melhor, sobre meninos. Ela caminhou até o sofá, com os braços ainda cruzados, inexpressiva, e eu a segui. Sentei ao lado dela, ela me olhou por alguns segundos e virou a cara para a TV dando um suspiro notável.
- Filha, eu sei que você não gosta quando eu te chamo para conversar assim, sobre essas coisas.
- É, eu não gosto nem um pouco. - Disse como indireta para ver se ela desistia da conversa.
- Mas uma hora ou outra vamos precisar tocar nesse assunto, então prefiro que seja agora. - Disse ela me provocando uma insegurança.
- Mas mãe... - Eu disse, quase gritando, me levantado do sofá. - Por que agora? Primeiro eu descubro que minha ex melhor amiga de infância é colega, de guitarra, do Tiago, depois você manda meu pai pra fora de casa e agora quer ter uma conversa sobre meninos? O que você quer? Me deixar infeliz?
Minha mãe pegou minha mão e falou calmamente.
- Filha, não é bem por ai.. como assim ex melhor amiga de infância? Quem era sua ex melhor amiga de infância? E quem é Tiago? Não é aquele seu colega de educação física que você falou no seu diario?
- A Eduarda, mãe. Aquela filha da Julia, sua amiga.. - Arregalei os olhos e olhei fixamente para minha mãe incredula - Você leu o meu diário?
Eu nunca escrevia no diário, só escrevia quando queria desabafar e não havia ninguém para me ouvir. Minha mãe nunca entrava em meu quarto e meu diário era guardado dentro de uma gaveta de meu guarda-roupa, não sei como ela havia achado ele.
- Filha, eu li seu diário sim, admito. Eu fui guardar umas roupas no seu armário, e não aguentei de curiosidade. Mas mesmo assim, somos melhores amigas não é filhota? Você não precisa esconder nada de mim.
Isso era o cúmulo, minha mãe não tinha esse direito de invadir minha privacidade e, o que mais me irritava, era ela me chamar de filhota e dizer que somos melhores amigas.
- Mãe, eu te amo mas... Você não pode invadir minha privacidade desse jeito, eu escrevo no diário coisas que não quero contar pra ninguém, muito menos pra você. Se eu quisesse que alguém soubesse, principalmente você, eu diria em vez de escrever, certo? Agora eu sei o porque de você ter me dado aquele maldito diário!
Minha mãe ficou pasma me olhando com os olhos arregalados e o silencio dominou a sala. Eu a olhava esperando que ela quebra-se o silencio mesmo que não quisesse ouvir o que ela tinha para dizer. Olhei o relógio, eram 19:19 e eu já estava com fome, caminhei até a cozinha como se minha mãe não existisse, peguei um saco de salgadinho e subi para o quarto.
Ela não demorou para subir atrás de mim e entrar no meu quarto sem bater.
- Filha, não terminamos a conversa ainda.
- O que é agora mãe?
- Eu estou com medo de... Você sabe... Que você se apaixone e o menino não seja o certo. Eu já passei por decepções que tinham a ver com garotos e demorei muito tempo para me recuperar..
- MÃE! Se liga, é claro que eu não vou encontrar o garoto certo de primeira, vão vir muitos outros e a maioria irá me fazer chorar mas.. a vida é assim mesmo, cheia de decepções.
- Ah minha filha, eu tenho tanto medo de que você se machuque..
Ela me olhou nos olhos, minha mãe tinha os olhos castanho claro mas mesmo sendo dessa cor tão comum, era lindo olhar em seus olhos pois o circulo preto que fazia a volta na pupila castanha clara era muito preta e dava brilho ao seu olhar. Ela estava quase chorando e eu não queria ver minha mãe chorar, não agora.
- Calma mãe.
Ela se virou calmamente para o corredor, em quanto segurava as lagrimas e caminhou até seu quarto que ficava no fim do corredor, onde agora, não havia mais meu pai a esperá-la.

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