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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Parte 9

O sinal tocou, eu e os meninos entramos para não nos atrasarmos. O primeiro tempo era de Biologia, então subi para o segundo andar com Victor. Enquanto caminhava até as escadas, avistei Tiago, indo para a aula de Geografia e acenei, ele acenou de volta.
- Ele é amigo do meu irmão. - falou Victor, fazendo eu deduzir o porquê de Leonardo ter ido ao parque.
Victor e eu entramos na sala e o professora ainda não havia chegado, ele se sentou do meu lado. Ficamos mais ou menos 10 minutos esperando o professora chegar, até que o lider da turma chamou a supervisora que nos avisou que o professor estava doente e não ia poder vir.
A Turma desceu, gritando como todas as vezes que tinha tempo vago, até a diretora mandar ficarem quietos. Fiquei conversando com Victor, em um banco perto de uma grande arvore, no canto do pátio. Vi Tiago passar pelo corredor de fora, no caminho que ia para o bebedor.
- Já volto Victor.
- Ok.
Corri até Tiago.
- Oi Tiago!
- Oi Karine.. - Ele parecia chateado.
- O que aconteceu?
- Nada... - Disse ele sem me olhar na cara ainda.
Aquilo não podia ser "nada".
- Tem certeza que não é nada? - Disse rindo baixinho.
- Esqueça.. - Ele disse caminhando até o bebedor.
Caminhei atrás dele e esperei-o tomar água para depois falar.
- Quer ir ao shopping comer alguma coisa depois da aula? Ou ir ao parque.. sei lá.
- Pode ser. - Ele disse abrindo um sorriso, que me fez sorrir também. - Tenho que subir, o professor disse pra mim vir rápido.
- Ok, até daqui a pouco.
Enquanto estava voltando para o banco, vi que Victor estava conversando com alguém.
Cheguei mais perto, era Sabrina, uma menina que parecia não gostar muito de mim des de quando entrou na escola ano passado .
- Então tá, seu nome é Victor né? - Disse Sabrina se levantando do banco ao me ver chegando.
- Isso! - disse Victor.
- Qualquer coisa eu tô ali tá? - disse Sabrina apontando para umas meninas no outro canto do pátio - Até mais!
Senti meu estômago tremer. A última vez que sentira isso foi no parque, quando Eduarda pediu para ir sozinha na montanha-russa com Tiago. Aquilo não poderia ser ciúme, Victor era somente meu amigo. Ou será que não? Será que eu sinto algo por ele que não seja amizade? Não era possível.
- Voltei. - falei enquanto sentava novamente ao lado de Victor.
Ele olhou para mim e deu um sorriso.
- Karine, o que você faria se estivesse gostando de um garoto que não corresponde? - ficou vermelho ao dizer.
- Bom... Eu tentaria ser amiga dele.
- Mas... E se ele já fosse seu amigo?
Olhei para ele e entrei em pânico. Será que ele gostava de mim? Não, isso não poderia estar acontecendo, pelo menos não agora. Não agora que está tudo confuso, não agora que estava tudo dando certo entre mim e Tiago, não agora que meus pais se separaram... Em qualquer momento, mas não agora.

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Parte 8

Deitei-me, um pouco preocupada com minha mãe e logo peguei no sonho. Tive um sonho muito estranho: Eu estava em um prédio com Victor e Tiago, o andar que estavamos só tinha um cômodo e nesse cômodo havia uma mesa comprida que ocupava grande parte da sala, havia cadeiras em volta da mesa, varias estatuas de mulheres seminuas e duas portas de elevador. Eu e os dois meninos estávamos conversando sobre o futuro da menina linda que estava sentada na ponta da grande mesa. Ela tinha um cabelo comprido, liso e castanho claro, olhos castanhos e um sorriso tímido, sem mostrar os dentes, e também as bochechas ressaltadas e vermelhinhas. Logo, a menina desapareceu, nós caminhamos até o elevador e a porta da esquerda se abriu, nós entramos e havia uma mulher lá dentro. A mulher usava um salto alto preto, uma saia cor de vinho até o joelho, um casaco da mesma cor com plumas pretas e um chapéu pequeno combinando, que ressaltava a cor de seu cabelo, que parecia carvão de tão escuro. Tiago puxou Victor e eu para o canto do pequeno elevador:
- Se ela parar no 2º andar e nos chamar, nós não podemos ir.
Assustada, olhei para o painel e só havia 2 botões, o do 14º andar e o do 2º. Nós estávamos descendo, então pela lógica estávamos no 14º andar. Fiquei apavorada, não sabia o que fazer quando o elevador parou no 2º andar onde a mulher desceu.
A porta ficou aberta por um longo tempo depois que ela saiu, até que a mulher gritou de lá de dentro:
- Entrem crianças, tem alguém querendo ver vocês.
Nos entre olhamos, Victor estava com os olhos arregalados e Tiago estava pálido. Pareciam estar com medo da 'pessoa que queria nos ver'. Eu caminhei até a porta, olhei para os dois lados e havia um corredor à minha direita. Sai do elevador olhando para a única porta que havia no fim do corredor e os chamei. Eles saíram e a porta do elevador se fechou, nós caminhamos muito assustados pelo corredor estranho até chegarmos à porta. Eu a abri, vi uma luz branca muito forte que quase me deixara cega e acordei.
Quando abri os olhos senti meu rosto molhado, eu havia chorado em quanto dormia. Levantei um pouco abalada, a última vez que chorara durante o sono foi quando eu tinha 8 anos. Logo me recuperei e fui me arrumar para a escola. Eu havia esquecido de fazer a lição de casa mas não estava com vontade de fazer naquele momento. Eu estava pronta, sem fome e preparada pra ir pra escola quando ouvi um carro estacionar na frente de minha casa e alguém apertar a campainha. Minha rua era muito pouco movimentada, ainda mais as 6 horas da manhã, por isso conseguira o carro chegar. Desci correndo e abri a porta, era meu pai querendo me levar pra escola de carro.
- Claro que quero carona pai. Só vou avisar a mamãe, pode entrar.
Ele entrou e sentou-se no sofá em quanto eu corri de volta para as escadas. Entrei no quarto de minha mãe e ela estava dormindo, peguei seu bloquinho de recados e escrevi:
‘Mãe, o pai me levou de carro pra escola. Vejo você no almoço. Beijos, te amo’
Sai devagarzinho para não ter perigo de ela acordar, quando cheguei ao corredor sai correndo, pois não estava agüentando de ansiedade para chegar à escola. Assim que cheguei à sala, vi meu pai olhando uma foto que estava pendurada do lado da porta da cozinha, na foto estava eu, ele e minha mãe no Beto Carrero quando eu tinha 7 anos. Parei ao lado dele e disse:
- Pai, preciso ir pra escola.
- Ah, desculpe filha. Vamos.
Nós saímos e eu chaveei a porta. Entrei no carro e ele me levou até a escola, sem dizer nada. Cheguei à escola cedo e avistei Leonardo no corredor principal. Engraçado, ou ele entrara na escola agora ou eu realmente nunca tinha visto ele. Caminhei até onde ele estava, quando vi Victor, que estava falando com ele. De onde será que eles se conheciam?
- Oi Victor, oi Leonardo!
- Oi Kat. Ainda lembra-se do meu irmão?
- Irmão? - respondi para Victor, assustada.
- É. Não se lembra que eu tinha um meio irmão?
- Lembro, mas... Não havia notado que era esse Leonardo. - disse fingindo alegria.
Nossa, as lembranças que eu tinha do Leonardo eram poucas. Lembro-me de estar estudando na casa de Victor, enquanto comia o bolo delicioso, que tia Greice fazia sempre que eu ia para lá, e de Leonardo ficar jogando vídeo game com o volume bem alto só para nos atrapalhar. Quem via não acreditava que Leonardo era somente um ano mais novo que Victor. Hoje ele deveria estar com uns 13 anos, um ano mais novo que eu, mas ele parecia ser mais velho.
Leonardo era meio irmão de Victor, pois os dois eram do mesmo pai, mas de mães diferentes. Dona Greice é a mãe biológica de Leonardo e madrasta de Victor. Na ultima vez que eu fui à casa de Victor,ela morava com eles. A mãe biológica de Victor estava morando na Bahia, junto com a melhor amiga e as duas estavam trabalhando no projeto de um grande shopping.
- Léozinho, quanto tempo! Nossa como você está... Crescido!
- É... E você está linda... - disse, ficando um pouco vermelho.
- Obrigada Léo! - falei, deixando-o mais vermelho.

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parte 7

Minha mãe fechou a porta, eu estava pronta para correr até as escadas quando ela se virou pra mim, cruzou os braços e disse:
- Karine Mattos Dias, precisamos conversar.
Arrepiei-me com medo dela começar com aquelas conversas sobre a vida, ou melhor, sobre meninos. Ela caminhou até o sofá, com os braços ainda cruzados, inexpressiva, e eu a segui. Sentei ao lado dela, ela me olhou por alguns segundos e virou a cara para a TV dando um suspiro notável.
- Filha, eu sei que você não gosta quando eu te chamo para conversar assim, sobre essas coisas.
- É, eu não gosto nem um pouco. - Disse como indireta para ver se ela desistia da conversa.
- Mas uma hora ou outra vamos precisar tocar nesse assunto, então prefiro que seja agora. - Disse ela me provocando uma insegurança.
- Mas mãe... - Eu disse, quase gritando, me levantado do sofá. - Por que agora? Primeiro eu descubro que minha ex melhor amiga de infância é colega, de guitarra, do Tiago, depois você manda meu pai pra fora de casa e agora quer ter uma conversa sobre meninos? O que você quer? Me deixar infeliz?
Minha mãe pegou minha mão e falou calmamente.
- Filha, não é bem por ai.. como assim ex melhor amiga de infância? Quem era sua ex melhor amiga de infância? E quem é Tiago? Não é aquele seu colega de educação física que você falou no seu diario?
- A Eduarda, mãe. Aquela filha da Julia, sua amiga.. - Arregalei os olhos e olhei fixamente para minha mãe incredula - Você leu o meu diário?
Eu nunca escrevia no diário, só escrevia quando queria desabafar e não havia ninguém para me ouvir. Minha mãe nunca entrava em meu quarto e meu diário era guardado dentro de uma gaveta de meu guarda-roupa, não sei como ela havia achado ele.
- Filha, eu li seu diário sim, admito. Eu fui guardar umas roupas no seu armário, e não aguentei de curiosidade. Mas mesmo assim, somos melhores amigas não é filhota? Você não precisa esconder nada de mim.
Isso era o cúmulo, minha mãe não tinha esse direito de invadir minha privacidade e, o que mais me irritava, era ela me chamar de filhota e dizer que somos melhores amigas.
- Mãe, eu te amo mas... Você não pode invadir minha privacidade desse jeito, eu escrevo no diário coisas que não quero contar pra ninguém, muito menos pra você. Se eu quisesse que alguém soubesse, principalmente você, eu diria em vez de escrever, certo? Agora eu sei o porque de você ter me dado aquele maldito diário!
Minha mãe ficou pasma me olhando com os olhos arregalados e o silencio dominou a sala. Eu a olhava esperando que ela quebra-se o silencio mesmo que não quisesse ouvir o que ela tinha para dizer. Olhei o relógio, eram 19:19 e eu já estava com fome, caminhei até a cozinha como se minha mãe não existisse, peguei um saco de salgadinho e subi para o quarto.
Ela não demorou para subir atrás de mim e entrar no meu quarto sem bater.
- Filha, não terminamos a conversa ainda.
- O que é agora mãe?
- Eu estou com medo de... Você sabe... Que você se apaixone e o menino não seja o certo. Eu já passei por decepções que tinham a ver com garotos e demorei muito tempo para me recuperar..
- MÃE! Se liga, é claro que eu não vou encontrar o garoto certo de primeira, vão vir muitos outros e a maioria irá me fazer chorar mas.. a vida é assim mesmo, cheia de decepções.
- Ah minha filha, eu tenho tanto medo de que você se machuque..
Ela me olhou nos olhos, minha mãe tinha os olhos castanho claro mas mesmo sendo dessa cor tão comum, era lindo olhar em seus olhos pois o circulo preto que fazia a volta na pupila castanha clara era muito preta e dava brilho ao seu olhar. Ela estava quase chorando e eu não queria ver minha mãe chorar, não agora.
- Calma mãe.
Ela se virou calmamente para o corredor, em quanto segurava as lagrimas e caminhou até seu quarto que ficava no fim do corredor, onde agora, não havia mais meu pai a esperá-la.

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Parte 6

Depois de jantar, fui dormir, com Rodolfo deitado bem encolhido nos pés da cama, feliz da vida.
No dia seguinte, acordei tarde, às 11:00H. Levantei, me troquei e fui ver TV, preferi esperar o almoço do que tomar café. Depois do almoço fui escolher uma roupa bem bonita. Uma blusa branca com nuvens e outros desenhos, rosa, fofos na frente, um colete jeans, uma calça jeans da mesma cor do colete e um tênis novo que eu não havia usado antes, um Qix lilás com branco. Me arrumei toda para encontrar com Victor no shopping. A idéia de vê-lo novamente depois de tanto tempo me deixara bem entusiasmada. Victor sempre foi meu melhor amigo, ele sempre soube como me animar, sempre soube tudo sobre mim... Mas já se passou tanto tempo, e se ele tivesse mudado? Achei melhor afastar essa idéia da minha cabeça e continuar me arrumando.
- Filha, telefone! – gritou minha mãe da sala.
Desci, enquanto minha mãe abaixava o volume da TV e caminhava até a cozinha.
- Alô? – disse logo que segurei o telefone.
- Karine? Oi, é o Victor!
- Oi Victor.
- É que a gente vai ao cinema daqui a pouco, certo?
- É.
- Mas a gente não se vê a tanto tempo, que não sei como você está. Vamos combinar então de se encontrar na frente do cinema, pois no shopping em si não saberia dizer quem é você, e provavelmente nem iria te ver. Sendo na frente do cinema, é só eu olhar para a menina mais bonita e saberei que é você. - Victor sempre foi muito fofo, ele não tinha mudado nem um pouco!
Dei uma risadinha envergonhada e falei:
- Ok, então às 14:30 estou na porta do cinema. Tchau Vitinho, mal posso esperar para te ver.
- E eu muito menos Kat.
Desliguei o telefone, olhei para o relógio na parede que marcava 14:12 e fui ajeitar meu cabelo. Quando terminei eram 14:18, então resolvi ir logo para não me atrasar. Peguei um ônibus e fui para o shopping. Durante o trajeto que o ônibus fazia, não parei de pensar em como estaria Victor, mas graças ao choro alto da criança do banco de trás não conseguia ouvir meus pensamentos. Cheguei lá às 14:26 e me sentei em um dos bancos em frente ao cinema. Olhando para todos os lados, não demorou muito para um menino chegar e sentar do meu lado.
Era um menino mais ou menos da minha altura, olhos pretos, bem pretos, cabelo castanho e com um sorriso que quase tinha bilho proprio.
- Com licença. Oi, eu estou esperando uma amiga, e não a vejo faz muito tempo e não sei como ela está, se pintou o cabelo, se raspou a cabeça... Ela sempre foi meio maluquinha, sabe? Então, você se parece muito com ela. Por acaso seu nome é Karine? - Ele disse brincando.
Eu ri e balancei a cabeça.
- Sim, meu nome é Karine, e eu também estou esperando um amigo, e ele é fofinho como você. – Eu disse olhando seus olhos pretos que nos quais eu conseguira ver meu próprio reflexo.
Nos abraçamos, como nos velhos tempos e senti um alivio no coração.
- Nossa, Karine, como você cresceu! Sinceramente, eu imaginava encontrar aquela menininha, que usava rabo de cavalo no cabelo todo dia com medo de pegar piolho, que estudava comigo na sexta série.
- Pois é, as pessoas mudam. Eu esperava encontrar aquele menino palhaçinho e com as bochechas sempre vermelhinhas que estudava comigo na sexta série.
- Por fora eu posso ter mudado, mas por dentro continuo sendo o seu velho palhaçinho - disse ele sorrindo.
Fomos até a mini-fila dos ingressos e resolvemos ver um filme sobre um homem que odiava sua ex-mulher, porque ela queria destruir seu casamento. Victor nunca ligou muito para que filme ver quando levava uma menina no cinema. Todos os meninos preferem ver terror, pois as meninas se assustam e eles aproveitam para "protegê-las". Victor não, ele sempre deixa as meninas escolherem e se sentirem à vontade, ele nunca mistura a amizade com o amor, somente quando a menina quer e acho que é por isso que eu gosto dele, porque quando estou com ele não interessa mais nada, somos somente amigos. Compramos os ingressos, cada um pagou o seu e ficamos no lado de fora do cinema esperando a hora do filme por uns 10 minutos sem falar nada. Fomos na banca de pipoca e ele insistiu em pagar a pipoca.
O filme era maravilhoso, não era dos melhores mas também não era dos piores. Quando o filme terminou, fomos à praça de alimentação tomar um milk-shake de morango, como nos velhos tempos. Começamos a conversar sobre esses três anos que se passaram, ele me contou que iria estudar em minha escola, que já havia recebido seu horário e que iríamos ser colegas na aula de Biologia e de Educação Física. Certamente me assustei um pouco quando ele falou sobre a aula de Educação Física pois Tiago era meu colega de Educação Física e seria estranho ter os dois na mesma classe. Conversamos, conversamos e conversamos, quando olhei no relógio já eram 17:36.
- Ah, eu disse pra minha mãe que a gente ia ver o filme e já voltava. E o pior é que eu esqueci de ligar o celular. É melhor eu ir, ela deve estar preocupada.
- Eu vou com você até em casa. – disse ele, com o mesmo sorriso de sempre estampado no rosto.
O imenso sorriso pode não ter se aberto em meu rosto, mas em meu coração ele estava maior do que em qual quer outra vez.
Fomos caminhando, bem devagar para continuar a conversa. Quando chegamos em minha casa tive a sensação de dejavú, mas foi um pouco diferente. Então percebi que eu não queria ter chegado em casa, eu não queria dizer tchau para Victor, queria ficar todo tempo do mundo com ele. Então lembrei que esta fora a mesma sensação que eu sentira quando Tiago me levou até em casa depois da escola e depois do parque ontem e onte-ontem. Chegamos bem na frente da minha casa e quando fui dar tchau minha mãe abriu a porta e chamou Victor para entrar.
- Nossa, como você cresceu! Como estão seus pais?
Victor, educado como sempre, respondeu a essa e a mais trezentas perguntas de minha mãe, na maior boa vontade, até que sua mãe ligou e disse para ele ir para casa.
- Bom... Tchau Kat, foi ótimo te ver de novo! – disse ao me dar um abraço.
- Tchau Vitinho. Até amanhã, na aula.
Ele abanou e passou pela porta.

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terça-feira, 11 de maio de 2010

Parte 5

Subi correndo, com lágrimas nos olhos, batendo a porta do quarto e me jogando na cama. Agarrei meu travesseiro, chorando em cima dele. Fiquei por um longo tempo, somente chorando e pensando em como minha mãe estava sendo injusta, até que ela bateu na porta.
- Posso entrar filha?
- NÃO!
- Por que, querida? E... Porque tem um cachorro na nossa varanda?
- É que... eu achei ele na rua, talvez ele sirva para fazer companhia, já que tem um a menos em casa sabe... - disse, irónica, e ainda chorando
Minha mãe entrou no quarto me olhando com uma cara de desgosto com o lindo cachorrinho em seu colo.
- Filha, deixe de chorar, para que tanto drama? Você poderá ver seu pai todos os finais de semana, e se quiser até nos dias de semana.
- Não é a mesma coisa, mãe. Porquê você teve que fazer isto comigo?
- A culpa não é somente minha, é de seu pai também. Mas eu tenho certeza de que só fizemos isso para o seu bem. Nós nunca faríamos algo que te prejudicasse minha flor, nunca! Tudo aqui nesta casa sempre girou em torno de você, para o seu bem! Nunca para o seu mal, e você sabe bem disso! Filha, eu e seu pai, a gente só... o que é isto na sua testa? - disse apontando para o galo roxo que Eduarda me dera de presente nos carrinhos bate-bate
- Bati enquanto estava no parque. Mas não mude de assunto mãe.
- Minha filha, isso está feio. Venha, vamos lá em baixo colocar um gelo nesse galo.
Eu não estava sentindo muita dor, na verdade. Caminhei até o espelho e vi que avia um grande roxo.
- Minha nossa senhora. - Disse largando Rodolfo em cima da cama e descendo correndo para a cozinha.
- Calma Karine, quando casa sara. - Eu não entendo essa mania que os adultos tem de dizer que quando casar tudo sara. Bem, de uma coisa eu tenho certeza, se for pra sarar só no casamento, vai demorar muito.
- E quando se separa, sara também? Se for assim você está curada de todos os machucados possíveis? - disse, sendo irónica mais uma vez e achando ter pego um pouco pesado demais.
- Não, quando se separa a única coisa que se ganha é a filha adolescente desesperada. - disse minha mãe, nunca perdendo seu senso de humor.
- Mãe, eu já disse. Eu não sou uma adolescente, sou uma pré-adolescente.
- Ah, mas é quase uma adolescente. - Isso era outra coisa que eu detesto nos adultos. Eles nunca sabem em que fase seus filhos estão, sempre que tentam adivinhar, erram.
Minha mãe estava me deixando cada vez mais irritada. Primeiro meu pai vai embora, depois ela acha que sabe o que é melhor pra mim e agora está dando uma de mãe-melhor amiga. Ela não fazia ideia de como aquilo me incomodava.
- Mãe, acho melhor eu ir me deitar, não estou muito bem.
- Tudo bem, qualquer coisa é só me chama.
- Eu sei. - disse, subindo para meu quarto com Rodolfo no colo
Me deitei, abraçando aquele lindo cãozinho. Comecei a falar com ele, e de um modo estranho parecia que ele estava prestando atenção. Resolvi contar minha história, de onde eu vim, do que eu gosto, do que eu não gosto, de quem eu gosto, de quem eu não gosto... enfim, de tudo. Fazia tempo que eu não me sentia assim, eu podia estar falando com um cachorro mas mesmo assim sentia como se eu finalmente tive-se uma amiga com quem conversar. Nunca tive problemas com fazer amizade, sempre fui muito social mas, nunca consegui ter uma melhor amiga que eu pude-se contar tudo sobre mim, contar sobre meus problemas, medos.. e tudo mais. Também nunca quis, mas quando queria, nunca conseguia. Quando estava terminando de falar sobre minha banda preferida, ouvi meu estômago gritar, desci e pedi para minha mãe, que estava olhando Disney na TV, para fazer uma janta rápida para mim já que eu havia chegado depois da janta em casa. Minha mãe, na pura má vontade, levantou do sofá e caminhou até a cozinha. Sentei-me no sofá rosa pink, que ela comprara fim de semana passado, e logo tocou o telefone, corri para atender.
- Alô?
- Alô? Karine? - No momento que ouvi a tal voz, meu coração disparou. Era uma voz doce como açúcar, que me fez quase flutuar.
- Victor?
- Como você sabia que era eu?
- Nossa, quanto tempo. - Victor foi meu colega na 4ª série, foi com ele que eu dei meu primeiro beijo. Por 2 longos anos eu fui colega dele e ele sempre foi como um irmão pra mim, mas no fim da 6ª série ele se mudou pro Acre e nunca mais ouvi falar dele.
- Pois é. Adivinhe! Estou morando em Goiás de novo.
- Sério? Que legal.
- Liguei pra avisar isso e pra te convidar pra ir comigo no cinema amanhã. Estou louco de saudades.
- Ah, também estou com muita saudades. - Eu realmente estava com saudades dele. - Só não sei se vou poder sair amanhã pois já sai hoje, talvez minha mãe não deixe. Espere um minuto, ok?
- Ok.
Larguei o telefone, fora do gancho, e sai correndo para a cozinha para pedir para minha mãe se eu poderia sair com meu querido amigo que acabara de voltar para sua cidade natal, Victor. Sua resposta foi de imediato.
- Mas é claro que pode.
- Ah, muito obrigada mãe. - Sai pulando da cozinha para voltar ao telefone e dar a boa noticia aos meu querido e velho amigo.
- Minha mãe deixou.
- Que bom. Então nos vemos amanhã no shopping as 14:30, tudo bem pra você?
- Claro, nos vemos amanhã.
- Tchau Kat. Beijos. - Havia séculos que ninguém me chamara assim, cheguei a ficar um pouco boba.
- Tchau Vitinho.
Ele desligou e eu continuei com o telefone na orelha, imóvel, olhando pro nada. Até que minha mãe entrou na sala e eu rapidamente desliguei.

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Parte 4

Eduarda ficou um pouco histérica, dizendo que queria ficar no parque ou, pelo menos, ir à roda-gigante com o Tiago antes de irmos embora. Mesmo assim fomos embora, pois estávamos todos cansados, quase sem dinheiro e eu não aguentava nem mais um minuto do lado de Eduarda.
Fomos andando até o ponto de ônibus, onde ficaram Eduarda e Leonardo. Continuamos caminhando até que um carro azul encostou-se à calçada, bem ao nosso lado, era a mãe de Bruno que iria levar ele e Jéssica. Quando chegamos em minha casa estava acompanhada de Tiago e Gustavo, somente.
- Bom... Tchau meninos, até segunda.
- Tchau amor! – disse Tiago.
Neste exato momento meu coração disparou e Gustavo virou rapidamente para Tiago, com os olhos arregalados. Tiago começou a olhar para o chão, percebendo que me chamara de amor e ficando um pouco vermelho. Eles foram andando e eu fiquei olhando com um sorriso estampado no rosto, mal sabendo que ele estava prestes a desaparecer.
- Você não me ouve, nunca me ouviu! Não sei o que eu vi em você Luciano, sinceramente! A única coisa de boa que você trouxe pra mim até hoje foi minha filha, mas eu sinto pena dela por ter um pai como você! – Gritou minha mãe.
- Não meta Karine no meio disto, isso é entre mim e você! E eu nunca fiz nada de ruim para você e nunca seria capaz de fazer algo de ruim para minha filha! – Gritou meu pai, mais alto ainda.
- Mas de bom você nunca traz nada... – Disse minha mãe.
Isso acontecia sempre que meu pai chegava do trabalho, ele tomava banho, trocava de roupa e se sentava no sofá, afim de relaxar um pouco. Nisto, minha mãe chegava e vinha reclamar de algo, ele gritava, ela gritava e eles criavam uma discussão. Como eu já sabia no que isso ia dar, resolvi nem passar pela porta da varanda e ir relaxar na pracinha que ficava perto de minha casa. Caminhei pouco e chegando lá, vi Tiago sentado num dos banquinhos, com seu IPod na mão e fones nos ouvidos.
- Tiago? O que está fazendo aqui? – disse eu, obrigando-o a tirar os fones.
- Ah... Quando eu fico sem nada pra fazer venho aqui. E você, não era pra estar em casa?
- Era, mas achei melhor vir para cá, meus pais estão brigando.
- Poxa, sei bem o que é isso, meus pais brigavam direto no ano passado, até a hora que meu pai saiu de casa. Por um lado é bom não ter que ouvir mais os dois brigando, mas por outro é ruim, pois eu quase não vejo meu pai, já que ele se mudou para Minas Gerais.
- Nossa... Não me imagino vivendo sem meu pai ou minha mãe.
- Eu também não imaginava, mas infelizmente em vez de ser uma idéia que ficasse em minha cabeça isso aconteceu.
Ele começou a olhar para o céu, que começava a ficar alaranjado com o pôr do Sol.
- O que você estava ouvindo?
Ele me estendeu um fone, colocando o outro no ouvido. Pus o fone no ouvido e estava tocando uma música que eu nunca ouvira antes, cantada por uma voz feminina que era doce e calma. A melodia era composta por um violão e uma guitarra, nada mais que isso, e logo percebi que a qualidade da música não estava muito boa, o que indicava que não fora gravada em um estúdio.
- Quem é?
- Minha prima.
- Nossa, ela canta muito bem.
- Sim, e ela que escreveu a letra.
A música dizia “Eu só queria uma tarde qualquer / Vendo o sol se pôr / Junto com meu amor... / Eu só queria uma tarde de verão / Cantando uma canção / Que vem do coração...”
- Como é o nome dela?
- Angela.
- Pelo que estou ouvindo, um dia verei multidões gritando o nome dela por aí.
- Tomara, a gente já levou a música em vários estúdios de gravação, mas nenhum quer gravar com ela. Mas minha prima é forte e disse que nunca irá desistir de seu sonho.
Ficamos ali, conversando até que o céu ficou totalmente escuro.
- É melhor a gente ir, já está escuro.
- É, e meus pais devem estar preocupados.
- Não têm do que eles se preocuparem, você está comigo, esqueceu?
Fomos caminhando juntos e ouvimos um gemido de cachorro. Olhamos para o lado e, em meio à escuridão, havia um cachorrinho lindo e indefeso com uma das patas presas em um bueiro. Tiago, como a boa pessoa que é, foi até lá e soltou a patinha do cachorro, segurando-o no colo. Ele começou a latir pra mim e me lambeu.
- Acho que gostou de você. – disse Tiago sorrindo para o cachorrinho.
Olhei para o lindo cãozinho um pouco sujo e disse:
- De que raça deve ser?
- Parece aquele do filme 'Marley & eu'
- Acho que não.
- Ah, já sei. Deve ser um Golden Retriever..
- Gol de quem? - Eu disse um pouquinho assustada em quanto Tiago ria de minha reação.
- Golden Retriever. É uma raça de cachorro. Meu tio é veterinario, nas férias eu sempre ia pra cidade dele e ficava com ele no trabalho, isso até que me foi util.
Olhamos, os dois, novamente para o pobre cão abandonado e então eu disse:
- Não podemos deixá-lo aqui!
- Minha mãe não deixaria eu levá-lo para casa, porque eu já tenho um. Será que sua mãe toparia?
Pensei, pensei, pensei... Até que cheguei à conclusão de levá-lo para casa. O máximo que poderia acontecer era ela dizer não.
- O nome dele vai ser Rodolfo! – disse pegando-o do colo de Tiago.
Continuamos caminhando até minha casa. Tiago olhou pra mim, segurou minha mão que não estava segurando o cachorro e me deu um beijo na bochecha.
- Tchau Karine, até segunda. – disse ele, partindo.
Entrei em casa, em estado de choque, mais feliz impossível. Pena que minha felicidade duraria muito pouco. Meu pai estava com as malas arrumadas e a minha mãe havia saído. Coloquei Rodolfo na varanda, amarrando a patinha dele para ele não fugir e meu pai me chamou para conversar.
- Filha eu preciso te falar uma coisa.
- O que foi pai?
- Eu vou embora.
- Como assim embora? Vai aonde? Trabalhar?
- Não filha, eu vou embora mesmo, de verdade.
- Como assim embora, pai?
- Você sabe filha.
O fato é que eu não queria encarar os fatos.
- Não pai, por favor!
- Não dá pra eu ficar aqui brigando toda hora com a sua mãe. – falou ele enquanto eu chorava.
- Não pai, fica por favor! Por mim!
- Não dá filha, eu sinto muito. Vou tentar vir aqui nos fins de semana. Fica com Deus filha, eu te amo demais. Eu ligo ok?
Dito isso ele me deu um beijo na testa, pegou as malas e saiu andando em direção a porta. Deu-me um aperto no coração por ver meu pai partir. E agora? Minha mãe logo chegou do mercado.
- Ele já foi?
- Sim. Parabéns mãe, você conseguiu, muito obrigada!
- Filha, isso é para o bem de todos.
- Para o bem de todos ou para o seu bem? Porque eu não fiquei nada bem com isso.
- Para o meu bem e para o bem de seu pai. Deixe de ser criança e encare os fatos! Não dava mais para continuar assim!

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Parte 3

Olhei para Tiago que olhava, com um sorriso malicioso, para Gustavo que estava conversando com Jéssica. Eu, como uma menina super sensível, notei que Gustavo ficara um pouco tenso durante a conversa que não parecia ser muito empolgante para Jéssica que durante as faltas de assunto olhava para Leonardo, o menino que estava junto de nós, de olhos verdes, cabelo escuro e que parecia ter tomado banho de sol. Distraída nem havia notado que Eduarda já voltara, olhei para ela que estava com o braço estendido pra mim com a água na mão e com um sorriso, super falso, no rosto. Retribui o sorriso falso e peguei a água na maior delicadeza da mão de Eduarda que em seguida virou-se, na maior rapidez, para Tiago e puxou uma conversa sobre como queria andar na roda gigante de novo, mas com ele, sozinhos. Aquilo que ela acabara de dizer me deixou quase paralisada, será mesmo que aquelazinha faria até isso para me deixar infeliz só por causa da bolsinha da Betty Boop? Isso era muita criancice da parte dela. Eu não ia aceitar tamanho desafora daquela Barbie barata.
- Só nós dois ? Mas nós temos que ficar aqui, a Karine não está bem o suficiente para ficar sozinha. - Disse Tiago para alivio do meu pobre coraçãozinho inocente.
- Ah, mas a Jéssica e os meninos ficam aqui cuidando dela. NÃO É JÉSSICA?
Jéssica virou-se imediatamente para Eduarda em um pulo de alívio.
- É o que Duda?
- Eu e o Tiago queremos ir na roda gigante de novo, sozinhos! Você e os meninos podem ficar cuidando da Karine ?
Jéssica me olhou curiosa e em seguida para Tiago que estava com os olhos arregalados. Jéssica voltou a olhar pra mim que de imediato balancei a cabeça de leve para só ela ver. Jéssica entendera meu recado.
- Ah Duda, mas eu quero ir nos carrinhos de bate-bate.
- Ótimo, então vão vocês quatro que depois eu e o Tiago encontramos vocês.
Eu estava começando a ficar irritada.
- Mas eu também estou louco para ir ao carrinho de bate-bate, Duda. - Disse Tiago mais uma vez aliviando meu coração.
Depois do longo olhar de decepção que Duda mando para Jéssica, todos fomos para o carrinho de bate-bate. Duda ficava batendo no meu carrinho toda hora, de implicância. Não dava pra acreditar que ela só fazia isso por causa de uma bolsa estúpida da Betty Boop. Acabei batendo com a cabeça no volante, com muita força, e ficou roxo. Tiago logo se levantou , saiu do brinquedo e disse:
- Nossa, esse não é seu dia de sorte. Acho melhor irmos embora, já está tarde mesmo e é capas de você se machucar mais ainda.
Concordei e me levantei com auxilio dele.

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Parte 2

Fui para a calçada esperar eles chegarem mais perto em quanto olhava fixamente para o Tiago, com medo de olhares indesejados da menina loira, que pelo canto do olho conseguia ver que ainda me encarava. Fiquei com um olhar vazio olhando para eles tentando lembrar de onde a conhecia,então notei que eles já estavam na minha frente.
- Você está bem? - perguntou Tiago, me olhando com aqueles olhos castanhos lindos e brilhantes.
- Sim, só estava pensando.
- Vamos?
- Claro.
Em quanto andávamos, cheguei perto dele e perguntei qual era o nome das meninas.
- A menina morena é a Jéssica, ela é da minha turma de inglês e diz ser da sua turma de geografia junto com o Bruno. - Ele disse bem baixinho
- Estranho, nunca notei ela.
- A loira se chama Eduarda, ela é de uma escola do outro lado da cidade e faz aula de guitarra comigo.
- Você sabe se essa Eduarda me conhece de algum lugar? Tenho a sensação de conhecê-la, mas não sei de onde.
- Eu não sei se ela te conhece, mas quando nós estávamos chegando perto de sua casa, ela cochichou algo para a Jéssica.
O parque não era muito longe, andamos mais umas três quadras e já estávamos lá. Não tinha muita gente, o que era bom, pois não teríamos que esperar na fila dos brinquedos. Eu realmente não estava com vontade de passar o dia inteiro com a tal Eduarda me encarando, a única coisa que consegui fazer foi quando eles decidiram ir à roda gigante, eu ir no outro cesto com ela e a Jéssica.
A roda gigante rodava e Eduarda ainda me encarava. Parecia que ela não gostava nada de mim. Mas porque será? Eu nunca fiz nada para ela, pelo menos que eu me lembre. Percebi que eu estava enganada quando, depois do brinquedo ela veio puxar papo comigo.
- Oi, Karine ?
- Sim, e você é Eduarda, certo?
- Sim. Estuda com o Tiago?
- Sim, ele é da minha turma de Educação Física.
- Ah tá, eu faço aulas de guitarra com ele, e ele toca muito bem. Me pareceu que ele gosta de você.
Dei uma risadinha e fiquei olhando para ele. Olhei pra ela, me enchi de coragem e falei:
- Eu tenho a sensação de te conhecer de algum lugar, mas não sei de onde.
- Há, sabia que você não ia se esquecer de mim tão fácil
- Como assim?
- Minha mãe é a Julia, amiga da sua mãe. Quando nós éramos pequenas brincávamos na sua casa. No dia da festa de aniversário da sua mãe você encheu minha bolsinha da Betty Boop de pudim e nós nos odiamos desde aquele dia.
Fiquei meio sem graça em quanto me lembrava do que havia feito para ela. Não sabia o que falar depois disso, queria virar um avestruz e enfiar minha cabeça em um buraco. Agora sim eu me lembrava dela, e do incidente do pudim e da bolsa da Betty Boop. Pois é, eu não queria mais o pudim, tinha sete anos e não sabia onde colocar, mas tinha uma bolsa feia e vazia na minha cara, não pensei duas vezes em jogar o pudim lá dentro.
Ela voltou a olhar para mim com um pouco de fúria nos olhos, acho que lembrou-se de tudo também.
- Bom, vamos esquecer isso ? É melhor corrermos para a montanha-russa, eles estão indo para lá. Vamos?
- Ok.
Não pensei duas vezes nisso também, qualquer coisa pra não ter que ficar sozinha com ela lembrando passado. Também, faz uns sete anos que isso aconteceu, não tem porque guardar rancor por uma coisinha assim. Chegamos à entrada da montanha Russa e o Tiago tinha guardado um lugar pra mim junto com ele. Ele olhou pra mim me provocando com aquele sorriso perfeito e disse:
- Não precisa ficar com medo ok? Eu to aqui.
- Não vou esquecer
A montanha russa começou a subir, eu ainda estava bem, mas depois que começou a descer eu comecei a ficar meio enjoada. Ela subiu, desceu, subiu, desceu, subiu mais uma vez e desceu várias vezes. Fiquei meio tonta e os gritos das outras pessoas não ajudaram em nada. Na hora de sair da montanha russa, Tiago saiu na frente e na mini escada que havia acabei tropeçando e ele me segurou. São nessas horas que eu amo ser desastrada.
- Você está bem? – perguntou ele preocupado.
- Sim, só fiquei um pouco tonta ao sair da montanha-russa. Agora já estou melhor.
Também, depois de cair no colo dele, quem não ficaria bem?
- Tem certeza?
-Sim.
Ele continuou me olhando um pouco preocupado, mas logo percebeu que eu já estava bem e começou a sorrir novamente. Voltei a ficar um pouco tonta depois disso, mas de emoção, pois percebi que ele se preocupava comigo. Caída em seus braços, olhando para ele, tentava achar um defeito mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Eduarda me puxou carinhosamente, para eu ficar de pé, o que eu não queria e muito menos conseguia.
Quer que eu busque água? - Ela me perguntou com seus olhos, azuis bem clarinhos, que mostravam um ar meio zombador. Eu não queria ter que aguentar isso também.
- Sem gás. - Falei retribuindo o olhar da mesma forma.
Ela saiu em direção a banquinha de comida, mas antes me deu a velha e básica olhada de desprezo. Naquele momento notei que não poderíamos ser amigas.

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domingo, 11 de abril de 2010

Parte 1

Havia três dias seguidos que eu não pensava em outra coisa a não ser nele. Mas ele nem olhava pra mim. Até que um dia, na aula de educação física, a professora mandou fazermos pares e sobrou eu e ele. Ele olhou pra mim, deu aquele sorriso perfeito e disse:
- Nunca te vi por aqui antes.
- Não, mas eu já te vi.
- Sou meio distraído
A professora notou que estávamos conversando e mandou a gente parar de bobeira e treinar o passe do futebol como todo mundo.
Por um lado eu estava odiando a professora por ter interrompido nossa conversa, mas por outro eu estava amando-a por ter mandado fazermos dupla. Ele começou a treinar olhando pra mim e eu fiquei muito envergonhada não só por estar errando muito, mas pelo olhar dele fixado em mim. Quando a aula acabou, fui pegar minha mochila no canto da quadra para ir ao banheiro me trocar quando ele me parou e disse:
- Oi.. nem deu pra gente conversar direito ? meu nome é Tiago, qual é o seu ?
- Meu nome é Karine.
- Que nome lindo. Posso te acompanhar até a cantina ?
- Claro.
Fomos até a cantina, sentamos e ficamos conversando.. nem reparei que meu lanche ainda estava inteiro. Quando o assunto acabou ficamos nos olhando por alguns segundos e ai notei que a cantina já estava quase vazia.
- Posso te acompanhar até sua casa depois da aula ? - Ele disse sem tirar o sorriso do rosto
Fiquei boba olhando pra ele, ele sorria esperançoso esperando por minha resposta. Sacudi a cabeça acordando do transe e disse:
- cla.. claro.. claro que sim..
O sinal tocou e corremos pra não nos atrasarmos, não sei quanto a ele mas eu estava louca para que acaba-se a aula. Quando acabou, fiquei na porta da escola esperando por ele com um sorriso no rosto.. quando ele chegou disse:
- Desculpe o atraso, fiquei preso na aula de matemática tentando fazer a ultima conta.
- Ah, sem problema.
- Meu amigo Gustavo é da sua turma de matemática e disse que você é boa nessa matéria. Será que você pode me ajudar ?
- Claro que posso amor.
Imediatamente pensei- MENINA LOUCA, porque você chamou ele de amor ? - Ele riu baixinho, acho que nem notou do que eu acabara de lhe chamar.
Fomos caminhando para casa, conversando e rindo, nunca pensei que isso iria realmente acontecer, chegamos em minha casa bem rápido, mas eu não queria, queria morar bem longe pra poder continuar conversando com ele.
Olhei pra minha casa e suspirei deprimida, ele me olhou e perguntou:
- É aqui que você mora ? Que casa bonita.
- É, quer entrar um pouco ? Meus pais ainda não estão em casa.
- Não não, preciso ir, minha mãe deve estar preocupada.
- Ah, que pena.
Ele saiu andando e eu entrei, me sentindo nas nuvens. Subi para meu quarto saltitando, fiz minha lição de casa e liguei meu notbook para ver se ele estava online. Passei tempos me segurando pra não falar com ele no msn pois sabia que ele nunca havia me notado, mas pela primeira vez eu poderia falar com ele sem problemas, mas nem precisei chama-lo. Assim que entrei abriu uma janelinha:
Tiago diz: oooooi
um sorriso imenso se abriu em meu rosto e em meu coração.
Karine diz: ooi (:
Tiago diz: Estava esperando você entrar
Karine diz: Sério? *-*
Tiago diz: É, assim que cheguei em casa vim pro computador pra continuarmos conversando, gosto de conversar com você.
Karine diz: awn, eu também gosto de conversar com você *-*
Tiago diz: :D
Karine diz: :D
Tiago diz: Amanhã é sábado não é? Eu e alguns amigos vamos ao parque, quer ir junto?
Karine diz: Claro, que horas?
Tiago diz: Ás 14 horas a gente passa ai na sua casa ok?
Karine diz: Ok
Fiquei muito feliz, pois ele me convidou pra sair com ele.. e os amigos.
Já era 8 horas e eu ainda estava no msn conversando com ele, meus pais já aviam chegado e minha mãe estava terminando de fazer a janta. Nem havia percebido que já tinha passado tanto tempo, quando falava com ele parecia que o tempo parava. Olhei pro relógio no canto do computador, me assustei com o horário, olhei pra conversa dele e ele estava of, mas havia uma menssagem.
Tiago diz: Vou sair, minha mãe está brava pois não fiz a lição de casa. Não esqueça que amanhã passo ai na sua casa as 14:00. Beijos, adorei conversar com você hoje! Te amo
Será que era verdade? Ele havia mesmo dito que me amava ou eu estou sonhando? Bom, se é um sonho que ninguém me acorde. Acabei indo dormir cedo, nem quis jantar, demorei um pouco pra dormir idealizando o dia seguinte. Quando eu acordei só me lembro de ter sonhado com ele.
Levantei correndo com medo que tive-se passado da hora, acabei ficando tonta de levantar tão rápido. O relógio marcava 10:10, dizem que quando você dois números iguais no relógio que é porque tem haver com a pessoa amada ou coisas do tipo. Que eu me lembre.. 10:10 significa que alguém vai se declarar pra você. Me emocionei, enchi o pulmão de ar e esperança, fui correndo me vestir e desci para esperar o almoço.
Fiquei vendo um pouco de televisão enquanto esperava minha mãe terminar de preparar o almoço. Fiquei trocando de canal até que parei em um de clipes que estava tocando Love Story da Taylor Swift, me deu um negócio e eu comecei a chorar, minha mãe perceber e perguntou porquê eu estava chorando, me apavorei e disse:
- Nada não.. é que a tradução dessa música é linda.
Minha mãe ficou um pouco confusa mas voltou para a cozinha. Começou a tocar uns clipes nada a ver então peguei meu nootbook pra ver se ele estava online... mas não. Olhei o relógio novamente na esperança do tempo ter passado mas arrecem era 11:07, começei a ficar nervosa porquê o tempo não passava e eu queria que fosse 14:00 horas para poder -lo logo.
Distraída lendo a tradução das músicas na MTV, não vi mais o tempo passar. Minha mãe me chamou para almoçar, almoçei sem vontade com o olhar vazio e, como sempre, minha mãe notou e me perguntou no que eu estava pensando. Eu disse só que tinha trabalho de casa e não estava afim de fazer, ela disse pra mim fazer o trabalho mais tarde. Perguntei que horas eram e ela disse 13:34.
- 13:34 ? Tem certeza ? Como assim ? E eu ainda tenho que tomar banho, fazer escova, me arrumar...
Comi quase tudo em uma garfada só e subi correndo. Juntei tudo que precisaria do meu quarto e levei pro banheiro, só assim teria privacidade sem minha mãe entrando e saindo. Assim que terminei de me arrumar desci correndo pra espera-los na porta, minha mãe me viu ali toda arrumada e me perguntou aonde eu pensava que ia.
- Vou no parque com uns amigos, mãe. lembra que eu te pedi ontem de noite ?
- , lembro. Desculpe, se divirta filha.
- Obrigada mãe
Aquele susto me abalou, pensei que ela iria ter um ataque de mãe protetora e diria que eu só poderia ir se ela fosse junto. Ela me olhou de uma maneira meio estranha, acho que percebeu que eu quase nunca me arrumava nem para ir em festas e para uma coisa tão simples como ir ao parque eu tinha me arrumado toda. Tentei esquecer isso e fiquei olhando a rua em esperança de vê-los. Foi aí que avistei ele, três amigos (incluindo o Bruno que é da minha turma de geografia e o Gustavo que é da minha turma de matemática) e duas amigas, uma loira e uma morena. A morena eu nunca tinha visto, mas a loira... eu sabia que conhecia, não sei de onde, mas eu já havia visto ela em algum lugar. Eles foram chegando mais perto e ela começou a me olhar esquisito, no mínimo devia saber quem eu era, mas de onde será que eu conhecia ela ? Com certeza não era da escola.

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