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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parte 7

Minha mãe fechou a porta, eu estava pronta para correr até as escadas quando ela se virou pra mim, cruzou os braços e disse:
- Karine Mattos Dias, precisamos conversar.
Arrepiei-me com medo dela começar com aquelas conversas sobre a vida, ou melhor, sobre meninos. Ela caminhou até o sofá, com os braços ainda cruzados, inexpressiva, e eu a segui. Sentei ao lado dela, ela me olhou por alguns segundos e virou a cara para a TV dando um suspiro notável.
- Filha, eu sei que você não gosta quando eu te chamo para conversar assim, sobre essas coisas.
- É, eu não gosto nem um pouco. - Disse como indireta para ver se ela desistia da conversa.
- Mas uma hora ou outra vamos precisar tocar nesse assunto, então prefiro que seja agora. - Disse ela me provocando uma insegurança.
- Mas mãe... - Eu disse, quase gritando, me levantado do sofá. - Por que agora? Primeiro eu descubro que minha ex melhor amiga de infância é colega, de guitarra, do Tiago, depois você manda meu pai pra fora de casa e agora quer ter uma conversa sobre meninos? O que você quer? Me deixar infeliz?
Minha mãe pegou minha mão e falou calmamente.
- Filha, não é bem por ai.. como assim ex melhor amiga de infância? Quem era sua ex melhor amiga de infância? E quem é Tiago? Não é aquele seu colega de educação física que você falou no seu diario?
- A Eduarda, mãe. Aquela filha da Julia, sua amiga.. - Arregalei os olhos e olhei fixamente para minha mãe incredula - Você leu o meu diário?
Eu nunca escrevia no diário, só escrevia quando queria desabafar e não havia ninguém para me ouvir. Minha mãe nunca entrava em meu quarto e meu diário era guardado dentro de uma gaveta de meu guarda-roupa, não sei como ela havia achado ele.
- Filha, eu li seu diário sim, admito. Eu fui guardar umas roupas no seu armário, e não aguentei de curiosidade. Mas mesmo assim, somos melhores amigas não é filhota? Você não precisa esconder nada de mim.
Isso era o cúmulo, minha mãe não tinha esse direito de invadir minha privacidade e, o que mais me irritava, era ela me chamar de filhota e dizer que somos melhores amigas.
- Mãe, eu te amo mas... Você não pode invadir minha privacidade desse jeito, eu escrevo no diário coisas que não quero contar pra ninguém, muito menos pra você. Se eu quisesse que alguém soubesse, principalmente você, eu diria em vez de escrever, certo? Agora eu sei o porque de você ter me dado aquele maldito diário!
Minha mãe ficou pasma me olhando com os olhos arregalados e o silencio dominou a sala. Eu a olhava esperando que ela quebra-se o silencio mesmo que não quisesse ouvir o que ela tinha para dizer. Olhei o relógio, eram 19:19 e eu já estava com fome, caminhei até a cozinha como se minha mãe não existisse, peguei um saco de salgadinho e subi para o quarto.
Ela não demorou para subir atrás de mim e entrar no meu quarto sem bater.
- Filha, não terminamos a conversa ainda.
- O que é agora mãe?
- Eu estou com medo de... Você sabe... Que você se apaixone e o menino não seja o certo. Eu já passei por decepções que tinham a ver com garotos e demorei muito tempo para me recuperar..
- MÃE! Se liga, é claro que eu não vou encontrar o garoto certo de primeira, vão vir muitos outros e a maioria irá me fazer chorar mas.. a vida é assim mesmo, cheia de decepções.
- Ah minha filha, eu tenho tanto medo de que você se machuque..
Ela me olhou nos olhos, minha mãe tinha os olhos castanho claro mas mesmo sendo dessa cor tão comum, era lindo olhar em seus olhos pois o circulo preto que fazia a volta na pupila castanha clara era muito preta e dava brilho ao seu olhar. Ela estava quase chorando e eu não queria ver minha mãe chorar, não agora.
- Calma mãe.
Ela se virou calmamente para o corredor, em quanto segurava as lagrimas e caminhou até seu quarto que ficava no fim do corredor, onde agora, não havia mais meu pai a esperá-la.

1 comentários:

Cristina disse...

Adorei o papo mãe e filha.

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