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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Parte 6

Depois de jantar, fui dormir, com Rodolfo deitado bem encolhido nos pés da cama, feliz da vida.
No dia seguinte, acordei tarde, às 11:00H. Levantei, me troquei e fui ver TV, preferi esperar o almoço do que tomar café. Depois do almoço fui escolher uma roupa bem bonita. Uma blusa branca com nuvens e outros desenhos, rosa, fofos na frente, um colete jeans, uma calça jeans da mesma cor do colete e um tênis novo que eu não havia usado antes, um Qix lilás com branco. Me arrumei toda para encontrar com Victor no shopping. A idéia de vê-lo novamente depois de tanto tempo me deixara bem entusiasmada. Victor sempre foi meu melhor amigo, ele sempre soube como me animar, sempre soube tudo sobre mim... Mas já se passou tanto tempo, e se ele tivesse mudado? Achei melhor afastar essa idéia da minha cabeça e continuar me arrumando.
- Filha, telefone! – gritou minha mãe da sala.
Desci, enquanto minha mãe abaixava o volume da TV e caminhava até a cozinha.
- Alô? – disse logo que segurei o telefone.
- Karine? Oi, é o Victor!
- Oi Victor.
- É que a gente vai ao cinema daqui a pouco, certo?
- É.
- Mas a gente não se vê a tanto tempo, que não sei como você está. Vamos combinar então de se encontrar na frente do cinema, pois no shopping em si não saberia dizer quem é você, e provavelmente nem iria te ver. Sendo na frente do cinema, é só eu olhar para a menina mais bonita e saberei que é você. - Victor sempre foi muito fofo, ele não tinha mudado nem um pouco!
Dei uma risadinha envergonhada e falei:
- Ok, então às 14:30 estou na porta do cinema. Tchau Vitinho, mal posso esperar para te ver.
- E eu muito menos Kat.
Desliguei o telefone, olhei para o relógio na parede que marcava 14:12 e fui ajeitar meu cabelo. Quando terminei eram 14:18, então resolvi ir logo para não me atrasar. Peguei um ônibus e fui para o shopping. Durante o trajeto que o ônibus fazia, não parei de pensar em como estaria Victor, mas graças ao choro alto da criança do banco de trás não conseguia ouvir meus pensamentos. Cheguei lá às 14:26 e me sentei em um dos bancos em frente ao cinema. Olhando para todos os lados, não demorou muito para um menino chegar e sentar do meu lado.
Era um menino mais ou menos da minha altura, olhos pretos, bem pretos, cabelo castanho e com um sorriso que quase tinha bilho proprio.
- Com licença. Oi, eu estou esperando uma amiga, e não a vejo faz muito tempo e não sei como ela está, se pintou o cabelo, se raspou a cabeça... Ela sempre foi meio maluquinha, sabe? Então, você se parece muito com ela. Por acaso seu nome é Karine? - Ele disse brincando.
Eu ri e balancei a cabeça.
- Sim, meu nome é Karine, e eu também estou esperando um amigo, e ele é fofinho como você. – Eu disse olhando seus olhos pretos que nos quais eu conseguira ver meu próprio reflexo.
Nos abraçamos, como nos velhos tempos e senti um alivio no coração.
- Nossa, Karine, como você cresceu! Sinceramente, eu imaginava encontrar aquela menininha, que usava rabo de cavalo no cabelo todo dia com medo de pegar piolho, que estudava comigo na sexta série.
- Pois é, as pessoas mudam. Eu esperava encontrar aquele menino palhaçinho e com as bochechas sempre vermelhinhas que estudava comigo na sexta série.
- Por fora eu posso ter mudado, mas por dentro continuo sendo o seu velho palhaçinho - disse ele sorrindo.
Fomos até a mini-fila dos ingressos e resolvemos ver um filme sobre um homem que odiava sua ex-mulher, porque ela queria destruir seu casamento. Victor nunca ligou muito para que filme ver quando levava uma menina no cinema. Todos os meninos preferem ver terror, pois as meninas se assustam e eles aproveitam para "protegê-las". Victor não, ele sempre deixa as meninas escolherem e se sentirem à vontade, ele nunca mistura a amizade com o amor, somente quando a menina quer e acho que é por isso que eu gosto dele, porque quando estou com ele não interessa mais nada, somos somente amigos. Compramos os ingressos, cada um pagou o seu e ficamos no lado de fora do cinema esperando a hora do filme por uns 10 minutos sem falar nada. Fomos na banca de pipoca e ele insistiu em pagar a pipoca.
O filme era maravilhoso, não era dos melhores mas também não era dos piores. Quando o filme terminou, fomos à praça de alimentação tomar um milk-shake de morango, como nos velhos tempos. Começamos a conversar sobre esses três anos que se passaram, ele me contou que iria estudar em minha escola, que já havia recebido seu horário e que iríamos ser colegas na aula de Biologia e de Educação Física. Certamente me assustei um pouco quando ele falou sobre a aula de Educação Física pois Tiago era meu colega de Educação Física e seria estranho ter os dois na mesma classe. Conversamos, conversamos e conversamos, quando olhei no relógio já eram 17:36.
- Ah, eu disse pra minha mãe que a gente ia ver o filme e já voltava. E o pior é que eu esqueci de ligar o celular. É melhor eu ir, ela deve estar preocupada.
- Eu vou com você até em casa. – disse ele, com o mesmo sorriso de sempre estampado no rosto.
O imenso sorriso pode não ter se aberto em meu rosto, mas em meu coração ele estava maior do que em qual quer outra vez.
Fomos caminhando, bem devagar para continuar a conversa. Quando chegamos em minha casa tive a sensação de dejavú, mas foi um pouco diferente. Então percebi que eu não queria ter chegado em casa, eu não queria dizer tchau para Victor, queria ficar todo tempo do mundo com ele. Então lembrei que esta fora a mesma sensação que eu sentira quando Tiago me levou até em casa depois da escola e depois do parque ontem e onte-ontem. Chegamos bem na frente da minha casa e quando fui dar tchau minha mãe abriu a porta e chamou Victor para entrar.
- Nossa, como você cresceu! Como estão seus pais?
Victor, educado como sempre, respondeu a essa e a mais trezentas perguntas de minha mãe, na maior boa vontade, até que sua mãe ligou e disse para ele ir para casa.
- Bom... Tchau Kat, foi ótimo te ver de novo! – disse ao me dar um abraço.
- Tchau Vitinho. Até amanhã, na aula.
Ele abanou e passou pela porta.

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