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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Parte 4

Eduarda ficou um pouco histérica, dizendo que queria ficar no parque ou, pelo menos, ir à roda-gigante com o Tiago antes de irmos embora. Mesmo assim fomos embora, pois estávamos todos cansados, quase sem dinheiro e eu não aguentava nem mais um minuto do lado de Eduarda.
Fomos andando até o ponto de ônibus, onde ficaram Eduarda e Leonardo. Continuamos caminhando até que um carro azul encostou-se à calçada, bem ao nosso lado, era a mãe de Bruno que iria levar ele e Jéssica. Quando chegamos em minha casa estava acompanhada de Tiago e Gustavo, somente.
- Bom... Tchau meninos, até segunda.
- Tchau amor! – disse Tiago.
Neste exato momento meu coração disparou e Gustavo virou rapidamente para Tiago, com os olhos arregalados. Tiago começou a olhar para o chão, percebendo que me chamara de amor e ficando um pouco vermelho. Eles foram andando e eu fiquei olhando com um sorriso estampado no rosto, mal sabendo que ele estava prestes a desaparecer.
- Você não me ouve, nunca me ouviu! Não sei o que eu vi em você Luciano, sinceramente! A única coisa de boa que você trouxe pra mim até hoje foi minha filha, mas eu sinto pena dela por ter um pai como você! – Gritou minha mãe.
- Não meta Karine no meio disto, isso é entre mim e você! E eu nunca fiz nada de ruim para você e nunca seria capaz de fazer algo de ruim para minha filha! – Gritou meu pai, mais alto ainda.
- Mas de bom você nunca traz nada... – Disse minha mãe.
Isso acontecia sempre que meu pai chegava do trabalho, ele tomava banho, trocava de roupa e se sentava no sofá, afim de relaxar um pouco. Nisto, minha mãe chegava e vinha reclamar de algo, ele gritava, ela gritava e eles criavam uma discussão. Como eu já sabia no que isso ia dar, resolvi nem passar pela porta da varanda e ir relaxar na pracinha que ficava perto de minha casa. Caminhei pouco e chegando lá, vi Tiago sentado num dos banquinhos, com seu IPod na mão e fones nos ouvidos.
- Tiago? O que está fazendo aqui? – disse eu, obrigando-o a tirar os fones.
- Ah... Quando eu fico sem nada pra fazer venho aqui. E você, não era pra estar em casa?
- Era, mas achei melhor vir para cá, meus pais estão brigando.
- Poxa, sei bem o que é isso, meus pais brigavam direto no ano passado, até a hora que meu pai saiu de casa. Por um lado é bom não ter que ouvir mais os dois brigando, mas por outro é ruim, pois eu quase não vejo meu pai, já que ele se mudou para Minas Gerais.
- Nossa... Não me imagino vivendo sem meu pai ou minha mãe.
- Eu também não imaginava, mas infelizmente em vez de ser uma idéia que ficasse em minha cabeça isso aconteceu.
Ele começou a olhar para o céu, que começava a ficar alaranjado com o pôr do Sol.
- O que você estava ouvindo?
Ele me estendeu um fone, colocando o outro no ouvido. Pus o fone no ouvido e estava tocando uma música que eu nunca ouvira antes, cantada por uma voz feminina que era doce e calma. A melodia era composta por um violão e uma guitarra, nada mais que isso, e logo percebi que a qualidade da música não estava muito boa, o que indicava que não fora gravada em um estúdio.
- Quem é?
- Minha prima.
- Nossa, ela canta muito bem.
- Sim, e ela que escreveu a letra.
A música dizia “Eu só queria uma tarde qualquer / Vendo o sol se pôr / Junto com meu amor... / Eu só queria uma tarde de verão / Cantando uma canção / Que vem do coração...”
- Como é o nome dela?
- Angela.
- Pelo que estou ouvindo, um dia verei multidões gritando o nome dela por aí.
- Tomara, a gente já levou a música em vários estúdios de gravação, mas nenhum quer gravar com ela. Mas minha prima é forte e disse que nunca irá desistir de seu sonho.
Ficamos ali, conversando até que o céu ficou totalmente escuro.
- É melhor a gente ir, já está escuro.
- É, e meus pais devem estar preocupados.
- Não têm do que eles se preocuparem, você está comigo, esqueceu?
Fomos caminhando juntos e ouvimos um gemido de cachorro. Olhamos para o lado e, em meio à escuridão, havia um cachorrinho lindo e indefeso com uma das patas presas em um bueiro. Tiago, como a boa pessoa que é, foi até lá e soltou a patinha do cachorro, segurando-o no colo. Ele começou a latir pra mim e me lambeu.
- Acho que gostou de você. – disse Tiago sorrindo para o cachorrinho.
Olhei para o lindo cãozinho um pouco sujo e disse:
- De que raça deve ser?
- Parece aquele do filme 'Marley & eu'
- Acho que não.
- Ah, já sei. Deve ser um Golden Retriever..
- Gol de quem? - Eu disse um pouquinho assustada em quanto Tiago ria de minha reação.
- Golden Retriever. É uma raça de cachorro. Meu tio é veterinario, nas férias eu sempre ia pra cidade dele e ficava com ele no trabalho, isso até que me foi util.
Olhamos, os dois, novamente para o pobre cão abandonado e então eu disse:
- Não podemos deixá-lo aqui!
- Minha mãe não deixaria eu levá-lo para casa, porque eu já tenho um. Será que sua mãe toparia?
Pensei, pensei, pensei... Até que cheguei à conclusão de levá-lo para casa. O máximo que poderia acontecer era ela dizer não.
- O nome dele vai ser Rodolfo! – disse pegando-o do colo de Tiago.
Continuamos caminhando até minha casa. Tiago olhou pra mim, segurou minha mão que não estava segurando o cachorro e me deu um beijo na bochecha.
- Tchau Karine, até segunda. – disse ele, partindo.
Entrei em casa, em estado de choque, mais feliz impossível. Pena que minha felicidade duraria muito pouco. Meu pai estava com as malas arrumadas e a minha mãe havia saído. Coloquei Rodolfo na varanda, amarrando a patinha dele para ele não fugir e meu pai me chamou para conversar.
- Filha eu preciso te falar uma coisa.
- O que foi pai?
- Eu vou embora.
- Como assim embora? Vai aonde? Trabalhar?
- Não filha, eu vou embora mesmo, de verdade.
- Como assim embora, pai?
- Você sabe filha.
O fato é que eu não queria encarar os fatos.
- Não pai, por favor!
- Não dá pra eu ficar aqui brigando toda hora com a sua mãe. – falou ele enquanto eu chorava.
- Não pai, fica por favor! Por mim!
- Não dá filha, eu sinto muito. Vou tentar vir aqui nos fins de semana. Fica com Deus filha, eu te amo demais. Eu ligo ok?
Dito isso ele me deu um beijo na testa, pegou as malas e saiu andando em direção a porta. Deu-me um aperto no coração por ver meu pai partir. E agora? Minha mãe logo chegou do mercado.
- Ele já foi?
- Sim. Parabéns mãe, você conseguiu, muito obrigada!
- Filha, isso é para o bem de todos.
- Para o bem de todos ou para o seu bem? Porque eu não fiquei nada bem com isso.
- Para o meu bem e para o bem de seu pai. Deixe de ser criança e encare os fatos! Não dava mais para continuar assim!

2 comentários:

Helena Rigão disse...

Gostei, gostei, gostei, quero ler mais....

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